Isabel, a filha da cabeleireira, tem uma cabeça do caraças. É espirituosa e divertida, independente, aplicada, até tem boas notas, diz-me a mãe, pausa no espelho, olhar colado ali, e mais uma tesourada.
Mas custa-lhe concentrar-se, o seu tempo não é o tempo do mundo. Não faço ideia se Isabel tem PHDA, mas tem uma cabeça do caraças, lá isso tem. Quando começa a vaguear, em vez de prestar atenção ao professor, perde metade da matéria, que depois recupera, porque vaguear não é preguiça - vagar não é preguiça - e chegando a casa, Isabel enfia a cabeça nos livros, que remédio.
A mãe diz-lhe: Isabel, tens de te concentrar, ouvir o professor, parar de olhar pela janela, fixar essa cabeça, tirar apontamentos.
Isabel responde:
Mãe, mas eu não mando nos meus pensamentos.
Isabel tem para aí dez anos, e sabe muito. Nunca vi a Isabel, mas parece que a conheço por dentro. Parece que passei um dia inteiro dentro da cabeça dela.
Isabel tem tempo. Isabel é o desassossego.
E eu, formiguinha atarefada andando para lugar nenhum, eu quero ser mais Isabel.
O tempo é do caraças. Se olharmos para ele, vemos: só vale o dia, como dizia o outro. É isso que contamos. Desde que o Sol se levanta, e depois se põe, até se levantar outra vez, bondoso e implacável. Um dia.
Vim para o Alentejo à procura desse tempo, entre outras coisas. Encontrei algumas. As melhores, nem sequer as esperava. É sempre assim.
Já passaram quase quatro anos – quantos dias? – e continuo à procura.
Vagar, vagar. É isso que por aqui abunda, nesta imensidão estendida e cheia de luz, é isso que por aqui escasseia. Contamos o tempo e levamo-lo dentro de nós, como quase tudo. O ideal seria viver de acordo com o nosso ritmo interior, mas isso é o luxo supremo. Esqueci.
Coisas que descobri nestes dias acelerados, e que depois desenvolverei, havendo vagar:
Escrever é escrever, publicar é publicar. São duas coisas distintas.
Um escritor não é um tipo que publica, ou seja, que torna público. Um escritor escreve. Ponto. Sem ponto. E escrever é um ofício solitário.
Escrever é uma necessidade? Não sei.
Escrever é um prazer.
Escrever é uma coisa que te suga? Pois é. Suga, e suga, mas é um sugar bom, um aspirador ao contrário. Silencioso.
É preciso tempo para escrever? Claro.
Eu acrescento: é preciso tempo, e também espaço, distância.
É preciso deixar as coisas repousar (como as sementes que tenho num alguidar cheio de terra húmida em pré-germinação), olhar para elas com familiar estranheza. As palavras também.
Estes dias. A Primavera desponta, bela adormecida, e eu sou a gata, borralheira, à espera de uma abóbora.
Embrenho-me no Alentejo, e que delícia. Sempre há fissuras neste frenesim.
“O cante nasce da fome”,
oiço
E vejo os homens no terreiro à espera de trabalho,
Cantando,
(Enganando em perfeita lucidez)
A terra, o pão
Que depois seca,
E como a abóbora se transforma em
Gatas,
Feitas com azeite e alho e bacalhau e vinagre
E,
Espanto!
Não levam coentros.
Três coisas que valeram a pena
1. A Kae Tempest. Estava à espera de um som assim, que me levantasse da cadeira como uma frase esplêndida numa página plana. Este disco – The Line is a Curve – é do caraças. Esta semana é tudo do caraças, já se vê. Esta acabou comigo. Surrender.
2. Galeano. Sem vagar para coisa nenhuma, os textos de Galeano são a minha banheira cheia de água quente, minha salvação. Olhem este, na página 86 de As Palavras Andantes (Antígona)
JANELA SOBRE AS PROIBIÇÕES
Na parede de uma pensão de Madrid, vê-se um cartaz que diz: Proibido o canto.
Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, vê-se um cartaz que diz: Proibido brincar com os carrinhos de bagagem.
Ou seja, ainda há gente que canta, ainda há gente que brinca.
3. Évora 2027: minha adorada sardinha, que passou à shortlist de cidades candidatas a Capital Europeia da Cultura. Podem acompanhar os trabalhos aqui www.evora2027.com. Isto é um processo lindo, sou abençoada por estar enfiada nele até às orelhas. Numa constelação belíssima, levando este vagar.
E um conto
(Segunda postura da AUTOBYOGRAFIA, A Guerreira, com umas tesouradas, para não vos maçar. Depois, no fim, terá sentido, espero)
A vida no tapete pode ser dura. Afinal, a partir de uma série de posturas aperfeiçoadas ao longo de milhares de anos, trata-se de fazer, naquele rectângulozinho estendido debaixo dos pés, precisamente aquilo que passamos uma vida a evitar.
Por exemplo, olhar para dentro. Por exemplo, olhar para fora. Por exemplo, respirar fundo (ainda que de boca fechada). Por exemplo, estar parados quando queremos correr atrás do mundo, e aguentar firme quando tudo o que desejamos é passar ao estado líquido e escorregar. Por exemplo, estar presentes em cada instante de infinito.
“Yoga”, diz-me a minha mestra, significa união. Com os olhos muito abertos, como planetas suspensos num céu que há de vir, a Raquel explica que a origem da palavra, em sânscrito, significa unir.
Unir, mas unir o quê? Os dois hemisférios cerebrais, para começar. É para isso, entre outras coisas, que serve o Pranayama. Para leigos, aqueles exercícios de respiração complicadíssimos, usando apenas alguns dedos (mas não quaisquer dedos, nem de qualquer maneira, é um Mudra, já lá vamos) se tapa uma narina, inspirando pela outra, e depois se destapa a primeira e se tapa a segunda, para expirar e deixar o ar correr, eventualmente parando a meio, para suster a respiração (momento luminoso, num lugar qualquer) e assim possibilitar as mais fascinantes trocas entre os dois lados de que somos feitas. Masculino, feminino, cá dentro, lá fora, luz e escuridão, amor e morte. A vida.
A vida no tapete pode ser dura, sim, mas mais dura e bela é a vida fora dele. Na extensão dele, comunicando, comunicando-lhe, ao mesmo tempo nele contida e extravasando-o, rompendo todas as nítidas fronteiras, abrindo clarões num céu bem escuro.
O Yoga é uma prática. Não é mania. Só se vai lá experimentando. Interiorizando cada postura, encarnando-a, corrigindo, copiando, calibrando, aguentando, afinando. Indo ao tapete. Por isso, para mim é tão fácil estender os braços e fazer a ponte: sem saber nada do assunto, não tendo em mim senão uns poucos anos de prática, mais intensa ou intermitente, lanço fios, amável aranha, e estabeleço paralelos. No Yoga, como na vida.
Comecei sem saber ao que ia. Cheguei com aquela confiança aparvalhada das incautas, a sensação de que, mesmo sem nunca ter experimentado nada parecido, uma aula de Yoga numa instituição respeitável como o Ginásio Clube Português não poderia causar grandes estragos. Seria com toda a certeza um lugar seguro, um amendoinzinho lustroso e crocante que os meus dentes estavam prontos para triturar com relativa placidez. Ainda não tinha chegado aos quarenta, e era, ou isso julgava, uma Balzaquiana numa condição física razoável.
Mens sana in corpore sano, lá ia eu, toda energia e leveza, subindo as generosas escadas do Ginásio, que se iam tornando cada vez mais estreitas à medida que me aproximava do topo, da última sala, um espaço desafogado com vista quase panorâmica sobre Lisboa e a outra margem. Abençoada sala luminosa, grande e magnânima sala recebendo-me de braços abertos enquanto o Sol se punha, esplendorosa sala onde por pouco não fiquei para sempre embrenhada em mim mesma.
Contexto: apesar de ler bastante, tenho o hábito, nestas coisas mais prosaicas, de ler na diagonal. As letras pequenas, nem vê-las. As grandes, seja o que a imaginação quiser. Talvez por isso ao ler o cartaz não tenha reparado que aquela aula, aquela concreta aula de Yoga, era na realidade uma Master Class facultada por um Yogini reputado, que, apesar da fraca figura, tinha nele todos os poderes do mundo. Ou seja, aquilo não era um passeiozinho de balão, um picnic no parque, uma brincadeira de crianças. Mas isso, evidente, só percebi depois. Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga.
Olhando à minha volta para todos aqueles corpos muito hirtos, omoplatas impecavelmente arrumadas nas costas, rostos compenetrados, olhos olhando para um ponto imaginário algures diante de si, tive logo a sensação, familiar em mim, de estar um bocadinho fora de lugar. Acontece-me com frequência, embora cada vez menos à medida que os anos vão passando, e o lugar onde estamos ou deixamos de estar perde importância, desde que seja o nosso.
Estava longe de me sentir sem chão. Sentia-me “des-locada”, é tudo. Sem saber bem onde me tinha metido, segui caminho. Dirigi-me para a fila dos tapetes, que esperavam os praticantes, enrolados como pergaminhos coloridos, num contentor de madeira numa das extremidades da sala. Ao lado, estupidamente arrumados, os blocos de cortiça, que cada praticante recolhia, encaminhando-se para o seu lugar.
Com o meu tapete debaixo do braço, dirijo-me ao centro da sala, talvez na parte mais recuada, mas ainda assim no centro, onde, realizo agora, provavelmente me sentia mais protegida. Foi em vão. A aula começou e depois de uma breve introdução agradecendo a todos estarem ali presentes para participarem na “prática de hoje”, o mestre iniciou a sua explicação do que seria a “prática de hoje”, introduzindo uma série de termos em sânscrito que na minha cabeça soaram a celtibero.
Em algumas correntes do Yoga, o professor não toca nos alunos, dando indicações, observando, exemplificando com o seu próprio corpo e corrigindo as posturas à distância. Por alguma razão misteriosa que ainda não investiguei, no Yoga Kundalini, que comecei a praticar este ano, parece que é mesmo interdito aproximar-se dos alunos durante a prática. A transmissão do conhecimento, sendo presencial, impõe uma distância. Em todo o caso, e independentemente do tipo de Yoga que se pratique, existem professores mais interventivos e outros mais desligados. Creio que este professor pertencia ao segundo grupo, porque de facto ele mostrava a postura – e a aula obedecia em musculado uníssono – e depois passeava-se pela sala, como quem deambula por um bosque, observando as árvores imóveis, silenciosas, pronunciando palavras ininteligíveis para a absoluta principiante que eu era, e imediatamente decifradas pelo resto da aula, que a cada palavra-comando respondia com uma postura impecavelmente executada.
Não consigo recordar com precisão, mas provavelmente começamos aquela prática com uma série clássica, que no Ocidente conhecemos por “Saudação ao Sol”, e que se chama Surya Namaskar I. Para um praticante sério, toda a sequência de movimentos – belíssima, por sinal – tem um significado muito mais profundo, mas vista de fora é uma maneira suave – ainda que exigente, basta verificar como se acelera a pulsação depois de terminada a sequência – de aquecer. Atabalhoadamente, lá segui os movimentos, sempre vários passos atrás, com uma rigidez e uma compenetração que hoje gostava de poder observar, fosse mosca capaz de viajar no tempo. A prática foi avançando e as posturas tornando-se cada vez mais complexas, ao ponto de, para explicar algumas, o professor ter de as desconstruir, detalhando cada passo, um por um, até chegar à postura final. Foi aí que as coisas começaram a complicar-se para o meu lado. Sentada no chão, seguia as instruções, cruzando a perna esquerda sobre a direita, fazendo uma torção do tronco já não sei bem para que lado, unindo os braços atrás das costas depois de passar um deles pela frente do joelho, olhar para um ponto invisível e no entanto extremamente presente levantando o queixo e suavizando a expressão, focar noutro ponto imaginário localizado no centro das minhas sobrancelhas e relaxar ignorando o esforço e a dor, que os meus músculos estão perfeitamente, e se os imagino rasgando-se é só isso, a minha imaginação, que a respiração é ampla e pausada e poderia ficar assim a tarde inteira, como quem toma um Masagran num copo gelado sobre uma mesa de mármore enquanto corre a brisa da tarde.
Concluída a parte das instruções, o professor levantou-se como uma serpente cheia de vida e retomou a sua promenade pela sala. Enquanto ele andava calmamente, eu aguentava a postura como podia, torcida e retorcendo-me no desconforto, na incompreensão de tudo. Ele ia corrigindo os alunos, com gestos distantes, como uma professora de balletsem bastão, e eu sentia-me cada vez mais pequenina e indefesa, uma minhoca que foi longe de mais e agora não sabe como sair daquela.
Porque não sabia. Se uma das coisas que o Yoga faz é trabalhar intensamente a consciência corporal, o que eu estava ali a fazer era uma obra-prima da inconsciência corporal. Os meus braços, as minhas pernas, o meu abdómen, o meu pescoço, já não me obedeciam. Como podiam obedecer-me, se não sabia onde estavam? Feita num oito (a minha mestra diz-me que é o infinito, mas eu não quero saber e centro-me no aqui e agora, que é igualmente eterno), eu já não tinha qualquer ideia de onde começava e acabava, que parte de mim era mão ou pé, o que fazia um braço, onde tinha as costas, se o nariz estava no meio da cara ou mais perto do cóccix, ou se finalmente ia cometer a proeza, repetidamente negada na infância, de conseguir esfregar os olhos com os cotovelos. Eu era um quadro cubista vestido de leggings. Eu era uma mulher pulverizada. Eu era um títere abandonado atrás do retábulo, à espera que alguém me pegasse e restituísse a alma.
Foi nesse momento que vi as pernas fibrosas do professor, os dedos dos pés espalmados no chão como uma rã, caminhando entre as árvores que agora eram rochas, relevos curvados. A minha cabeça inclinada devia estar à altura dos seus joelhos, e com esforço consegui esticar a ponta de uma das extremidades da mão direita, como quem põe o dedo no ar. Aqui! Aqui! Entre a timidez e o desespero, aquilo não era uma pergunta, não tinha na verdade qualquer dúvida por esclarecer, o meu corpo inteiro era a dúvida, estava despossuída, incapaz de desfazer o imbróglio em que me tinha metido. O mestre, que sendo sisudo era bondoso, ou pelo menos uma alma caridosa, aproximou-se, e pondo-se de cócoras (os Yoginis podem passar várias horas assim, e depois levantam-se como se tivessem asas) desembaraçou-me de mim, abrindo-me as mãos, pegando-me no braço, girando-me o tronco de volta à sua previsível frontalidade, dizendo-me enfim que desentrelaçasse as pernas e as sacudisse, questão de pôr o sangue a circular sem interrupções, arrisco.
Ah alívio! Ah gratidão! De novo dona do meu corpo, segui o resto da aula como pude, animada pelo respeito mais do que pela vontade, e depois do relaxamento final, enrolei o tapete, arrumei os blocos e saí de fininho jurando-me a mim mesma que tão cedo não voltaria a estender o tapete.
A ressaca foi monstra. No dia seguinte, o meu corpo acordou antes de mim, como um perfume intenso que anuncia a entrada de alguém numa sala vazia. Doía-me toda, mas como sou mulher valente, decidi que, pondo-me em movimento, as coisas iriam melhorar.
E melhoraram. Pelo menos até chegar ao metro do Rato e ver aquela escadaria imensa à minha espera, exigindo que mexesse várias articulações e músculos em simultâneo para descer às libertadoras profundezas (no metro somos levados, isso às vezes tem as suas vantagens). Descer aqueles degraus foi um martírio, subi-los uma paixão, ambos movimentos agravados pelo facto das escadas rolantes, para variar, não estarem a funcionar.
Depois desta experiência, estive vários meses sem voltar a pisar um estúdio de Yoga. Também não me inscrevi em mais nenhuma Master Class, como é óbvio. Mas olhando para trás, percebo que tendo caído do cavalo, teria sido bem mais feliz se tivesse logo voltado a montar. Na verdade, o Yoga teria sido de grande ajuda para restaurar a minha autoestima e levantar do chão a confiança esborrachada. Em particular, o Virabhadrasana I, também conhecido como a postura do Guerreiro I, teria sido revigorante. Claro que eu não podia saber nada disto naquela altura, porque acabava de começar.
Tal como o vejo, mais do que uma postura poderosa, o Virabhadrasana I é uma postura de empoderamento. Não existe, é. Porque na própria composição da postura, no alinhamento das pernas, do tronco, na posição dos braços esticados, nem demasiado altos, nem demasiado baixos, nem tensos, nem frouxos, apontando um para a frente e outro para trás, formando uma linha suave e perfeita, estamos a desenhar o nosso estar no mundo, estamos inteiras, lançando todas as silenciosas flechas, com os pés (o de trás a 45º) bem calcados no chão.
A guerreira, claro, é a postura a que recorro de cada vez que me sinto em dúvida. E isso, para alguém que escreve no escuro, como eu, acontece com frequência. Um texto é o registo de um momento, uma sensação, um pensamento. Quando escrevo, sinto muitas vezes isso mesmo: que corro atrás de mim. Que por muito que corra nunca chego a apanhar-me. Aproximo-me, sim, mas só raramente consigo fixar aquilo que persigo. É o prazer da perseguição. É isso que me move. Um texto somos nós, projectados numa página num instante. Que evidentemente passa. Assim que o terminamos, somos já outra coisa. Por isso acontece tantas vezes ler um texto que escrevemos e não nos reconhecermos ali.
Mas de onde é que isto veio? Pode ser que haja um flash. Uma palavra metida na teia, meio escondida, que de repente acende a ligação. A chave que abre o texto inteiro. Mas o texto impõe-nos sempre essa distância perante nós próprios. Também ele é deslocação. Na sua forma fixa, é a expressão mais definida da transitoriedade de tudo. Não são só os pensamentos que são passageiros. Nós também somos coisas diferentes em momentos diferentes. E os textos, como espelhos mudos e cheios de voz, devolvem-nos essa consciência.
O desejo de quem escreve é ser lido. Por uma só pessoa, dez pessoas, mil pessoas. Mas quem escreve não escreve para a gaveta. Precisa de sair do escuro de si, procura não um eco, mas uma luz. Essa luz está no outro que lê. O guerreiro lança a flecha sem saber onde vai parar. Eu sou a arqueira e disparo no escuro, cheia de fé.
Livro😍
Flâneurs e flâneuses, uma leitora atenta e querida, versada em tapetes, notou que a postura descrita no conto de hoje é o Virabhadrasana II, e não o primeiro, como erradamente escrevi. Eu vou deixar porque até acho graça à confusão, mas fica esclarecido. Obrigada!